Eram dois irmãos, filhos de uma rapariga portuguesa, que já tinha muitos filhos, tantos que já nem sabia como chamá-los, por isso repetia alguns nomes e mudava apenas o segundo. Eram compostos.
Dona Língua, a portuguesa, teve gêmeos no dia em que o Hospital Gramatical Lusitano estava com a sua maternidade em obras. Uma confusão!
Quando o Dr. Subjuntivo se fez presente e lhe perguntou como chamariam os gajos, ela respondeu: “Pronome, um é Reto e o outro Oblíquo.”
Pronome Reto e Pronome Oblíquo cresceram sempre juntos, não se separavam por nada. Tinham suas diferenças, mas nem isso os distanciava. Estavam sempre na mesma frase dos colegas, na mesma fase do colégio e na mesma turma de oração da catequese. No passado, no presente e no futuro.
Reto era uma sujeito simples, mas sempre notado pelos demais. Já Oblíquo era um sujeito mais oculto, que por incrível que pareça e contraditoriamente era o que mais se destacava e aparecia nas rodas gramaticais mais badaladas de Portugal.
Quando ainda jovens, Reto, sempre muito centrado e certo, teve apenas duas namoradas. Tu e Ela, primeiro Tu, depois Ela. E Oblíquo era um caso perdido mesmo, namorava Contigo, Convosco, Consigo, veja só, Comigo e até Conosco. De uma vez só, sem vírgulas ou pontos. A mãe de ambos, dona Língua, a portuguesa, para dar jeito no filho Oblíquo tomou uma decisão drástica, mandou os filhos para um país distante, quase não civilizado, do outro lado do parágrafo. Brasil!
Reto veio junto, afinal era o irmão centrado, tinha que tomar conta do desajuizado. Só que aqui no Brasil até Reto perdeu a cabeça, conheceu Você, irmã de A Gente, e não sabia mais como conjugar. Foi aí que a confusão se fez total.
E dona Língua, a portuguesa, para não perder o controle da situação e mostrar seu poder como matriarca respeitada de família que era, contratou um tutor para tomar conta dos gajos aqui no Brasil e os fazer permanecer dentro da linha. E afirmou que o Sr. Imperativo, iria colocar ordem na situação.
Endy K.
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